quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

José Maria

Cabelos longos e a expressão de quem não tem mais pra onde voltar. O sotaque da minha avó numa voz assustada por perseguições políticas, censura e autoridades tiranas em fotos recortadas de jornal. A lógica fictícia do pânico verdadeiro de quem está alheio.
O mundo sempre estará surdo para a língua que você fala.

Quando não se tem mais pra onde voltar.

Te olho de fora - com incômodo de dentro - cerceada pelo nada que providencio para te ajudar.

Eu dei minha caixa de bombons ao Sr. José Maria, o único elo que conseguimos forjar.

domingo, 12 de dezembro de 2010

i miss you


Falta pouquinho pra 2011, que vai começar com uma tremenda cara de ano novo.


http://www.domitille-collardey.com

domingo, 5 de dezembro de 2010

semana de solidariedade ao povo palestino

how many deaths will it take till we know that too many people have died?




Campo de refugiados palestinos, 2009.


terça-feira, 16 de novembro de 2010

diário de hoje

Apaixonei-me subitamente por fatos sem literatura, tal como Rodrigo S. M.
Não tive escolha, fui cercada pelos fatos e permiti-me desmachar, fazer parte do íntimo concreto dessa vida de fatos que não têm entranhas. 
Eu mal penso, hoje eu ajo - mas não sem sentir porque frieza eu desconheço: é também emoção, ainda que bruta, pouco refletida.

Essa capacidade minha de adaptação, de seguir sendo seja lá o que for. Ela que me assusta quando parece estar mesclada ao conformismo e inserida nessa felicidade idiota de quem é por demais, por demais leve.

Viver dos fatos é ainda essa espécie de meditação, de mente vazia e corpo exausto.
Bendito o mundo demente do trabalho e bendito o amor que eu sinto que nada possui de demente, mas me desafia e exaure.
Bendito o estado de graça da gente que é gado e vai.

Os fatos são as palavras com que a vida escreve ou seja lá qual for a citação - já me esqueci.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010


Tô melooooosa.

domingo, 31 de outubro de 2010

Mi.

Estou devendo a mim mesma postar tantas coisas aqui. Acontece que eu o vi de relance num estúdio qualquer, aí o tempo parou com as pipoquinhas no ar e, quando eu fui dar por mim, o mundo tinha dado umas voltinhas rápidas e ele já tinha ido embora pra longe. Agora eu estou trabalhando muito para juntar informações e encontrá-lo lá onde ele está para pedí-lo em casamento com tulipas amarelas.
Não exaaatamente, mas foi mais ou menos assim que aconteceu.



Só eu gosto de Big Fish no mundo.

domingo, 17 de outubro de 2010

buon giorno principessa nosso de cada dia

Eu rompi com o épico, com o inatingível; com aquela necessidade toda de ser difícil. 
Eu me rendi e foi a mim: ao que eu quis de bem novinha e quero hoje ainda.

Eu gosto desse chão de fantasia que sustenta minhas outras ambições com o mundo de fora. Fantasia porque o que existe entre a gente é real mas raro como num mundo paralelo. Uma vida leve de hobbit cheia de felicidades miúdas e freqüentes e sinceras, vontadezinhas. São essas alegrias que pipocam o dia todo e construíram algo grande de verdade.

Estou encantada com o humor, com o cuidado. Eu aposto nisso que está acontecendo, sem medo nenhum. 

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

"Deus lhe pague"

Há alguns meses, eu diariamente sento na minha cadeira e passo o dia narrando histórias de gente. Gente com cheiro forte de gente, que às vezes faz com que eu me afaste em alguns palmos para trás.

Eles vêm com essa camada calejada de desconfiança de quem já se esfolou demais de um lado e de outro. Não me assusta. Qualquer tentativa de rompê-la (da mais simples) já escancara um riso fácil sempre transbordando de gratidão. Gratidão que me incomoda e dá corda ao meu pronto discurso: "O senhor não tem que agradecer, isso não é nenhum favor que lhe fazem, é direito seu, não é favor". Direito não é favor. Sequer ouvem, os ouvidos moldados por essa audição seletiva de gente simples que já entendeu o ritmo da engrenagem que os carrega de uma espera a outra - e se deixa levar. Indignação há, mas uma que nem sabe contra o que se voltar.

Porque tudo é pessoal, é "o juiz", o "adevogado", é o "Lula" e a mocinha da recepção. Rompem de vez com a abstração que é o embate entre órgãos públicos. É o jeito deles de criar uma razão de ser que sustente a máquina estatal multifacetada e esquizofrênica que dá, tira, permite, proíbe e oferece assistência para buscar outra vez. Uma só máquina caduca e os tentáculos dela.

Você não vê cara do seu defensor, você não vê a cara do juiz, o perito médico não te olha na cara. Você é uma estatística adoentada que não incomoda nem pela voz, é só pelo cheiro. Ninguém te explica o que está acontecendo e você, Macabéa, está com vergonha de perguntar, sem saberia como fazer.
Mundo real, tão rente ao chão, é só aqui que eu quero estar.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Gazal em louvor de Hafiz

Escuta o gazal que fiz,
darling, em louvor de Hafiz:

- Poeta de Chiraz, teu verso
tuas mágoas e as minhas diz.

Pois no mistério do mundo
também me sinto infeliz.

Falaste: "Amarei constante
aquela que não me quis".

E as filhas de Samarcanda,
cameleiros e sufis

Ainda repetem os cantos
em que choras e sorris.

As bem-amadas ingratas
são pó; tu vives, Hafiz!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Hoje eu sei que quem me deu a idéia de uma nova consciência e juventude tá em casa guardado por Deus contando o vil metal.




Tantos anos depois, que diabo de ferida ainda viva.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Coragem

"- Essa valentia, de que fala Gauna, carece de importância. O que um homem deve ter é uma espécie de generosidade filosófica, um certo fatalismo, que lhe permita estar sempre disposto, como um cavalheiro, a perder tudo a qualquer momento."

O sonho dos heróis.
ABCasares.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

a nível de registro

(contatos de quarto grau ou ineditismos)

saber-me deliciosamente enjaulada num mundo de sentidos
a realidade que se esvai brusca, cai com violência no abismo
as linhas do antes e depois dissolvidas como por química,  por cor
restam essas substâncias, sensações em ondas
num cenário apequenado, fora de foco
sem atores, sem nomes
jornada perdida numa existência qualquer



curioso entender, após, as possibilidades do prazer na vida natural

e não falo de apoteose ou comunhão
mas do toque no meu rosto e do olhar que o acompanhou

quinta-feira, 29 de julho de 2010

crocodilo

Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como o sofrimento dos homens.

Guimarães Rosa, que é tipo tudo que eu quero ser.

"Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda"

Quase uma década, sempre retornando ao Poema em linha reta.

terça-feira, 27 de julho de 2010

"Ninguém sabe o que sou quando rumino. Posso dizer, sem medo de errar, que rumino muito melhor do que falo. A palestra é uma espécie de peneira, por onde a idéia sai com dificuldade. Creio que mais fina, mas muito menos sincera. Ruminando, a idéia fica integra e livre. Sou mais profundo ruminando; e mais elevado também."

Machado.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

que seja bem-vindo

êita, desassossego que vem da terra e mora no ventre
não faça cerimônia que a mesa já está posta

vem e põe abaixo tudo outra vez

domingo, 25 de julho de 2010

brisa nova

meus regressos estéreis ao irrecuperável. pavor do irrecuperável.
sentir desfeitas as raízes e ver voar ao longe meus pedaços soltos.

eu quero de volta meu bordado e minha cadeira
quero aquele conforto perdido da minha espera
eu quero tudo como era
quando eu me sabia inteira

mas são as minhas coxas que denunciam meu disfarce
quando elas se comprimem em genuína catarse
por este novo

ar.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

É uma inquietude do corpo movido por essas sensações agudas, pequenas angústias; é uma dança interna, orgânica, imperceptível aos olhos alheios.
Uma fila de certezas opostas que se sobrepõe, dando voltas em si - coisa de serpente.

Ajudam muito aquelas sensações que descobri quando fui atropelada: sensações do inevitável. Os milésimos de segundo nos quais você percebe o carro tão próximo, tão próximo, antes da pancada quente que vem a seguir.
A aceitação sem resistência, vulnerável, aceitação sem aceitação alguma, vulnerável.
O momento seguinte perdido num tempo cíclico em que você está rente ao chão, antes que alguém possa se aproximar - a mente, pega de surpresa, silencia e permite ao corpo entender aquela pulsação imensa, que até então não é dor, é pura e simplesmente energia.

_
E o meu mundo se reconstrói, aquele da vida sem mistificação, aquele em que viver é uma ordem.
Eu quase me surpreendo e me conforto com minhas regras rígidas e práticas para a  vida emocional e sigo sozinha pelo século XIX.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

apagar-me diluir-me desmanchar-me

Estar perdido no labirinto feito beduíno. Labirinto sem muros, sem pátria e sem rei. Ser Minotauro de si.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Eu vou seguir meu instinto rumo ao fogo até que ele, desfazendo-se em claridade e lucidez, acabe. Ou me acabe. Não tem problema, eu me reinvento. 
Sem medo, meu peito escancarado, vermelho, real. Sem medo.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Quebra-cabeças


  

A Santa-Ceia, de 1000 peças, terminei esses dias, mas faltou uma peça e sobrou outra, que não encaixa. Vou entrar em contato com a Grow para ver se eles podem repor. O outro é de Praga, 500 peças só, terminei hoje mesmo. 
Queria um de 2000 ou 3000 para quando tiver tempo, mas não gosto das imagens e tampouco tenho espaço na minha escrivaninha; o chão está fora de cogitação com 5 cachorros andando pela casa. =/

terça-feira, 25 de maio de 2010

Desmond e Penny

 

"I won't call... for eight years."

.
DESMOND: I don't know where I am, but--

PENNY: I'll find you, Des--

DESMOND: --I promise--

PENNY: --no matter what--

DESMOND: --I'll come back to you--

PENNY: --I won't give up--

BOTH: I promise. I love you.



"I will wait for you. Always.
Love you. Pen."

domingo, 23 de maio de 2010

A idéia de pegar um avião e sumir para o outro lado do mundo parece tão irreal, impossível e cara. E de fato ela é. Não precisa ser, não será no futuro - mas é.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

a mesma língua

Eu estou com uma dor latejante nas costas que tem nome, endereço, olhar de gatinho de botas do Shrek e muito pêlo. Trata-se do Joãozinho Shiva da foto aí debaixo.


Nos últimos dez dias, minha tia esteve viajando e eu dormi aqui na casa da minha avó para cuidar dos cinco gatinhos. Hoje é a última noite e já sinto uma saudade grande, em especial do Shiva, que me cativou de um jeito espetacular e me ensinou muito sobre a linguagem interespécie do afeto. Claro que eu já conheço esse gatinho gordo de longa data e sempre tivemos um carinho especial um pelo outro, mas, como Shivinha foi adotado já adulto (com a mamãe dele, a Bia) e teve os dois irmãozinhos mortos, cresceu um gatinho arisco ao longo dos anos.
Tanto é que nos dois primeiros dias que estive aqui ele se recusou a dormir comigo; ficava na sala, no sofá e só me permitia alguns carinhos breves. Minha alegria foi que, com a minha aproximação, todo meu afeto e insistência, em pouquíssimo tempo ele se tornou a bolinha de pêlos mais dengosa da felinosfera: só aceita dormir em cima do meu peito, pede colo quando estudo, sobe na mesinha do computador e se joga no meu ombro para nanar por horas igual a um bebê humano, mas ronronando apaixonantemente.
Foi incrível a relação íntima que desenvolvemos em tão pouquinho tempo, com silêncio, sutileza e muito afeto.
Se faltava algo para eu me entregar de vez ao mundo dos gatos, não falta mais!

Claro que é tudo muito diferente das minha danças malucas e barulhentas com a Beth, em que eu fico pulando pela casa do jeito mais idiota possível e ela me segue de pé nas patas traseiras, latindo e rodando frenética. Por eu ser desgovernada, boba e carente, tenho mesmo uma personalidade mais canina. Mas, quando a sós com os gatos, eu me sinto numa atmosfera delicada e sutil, mesmo nas brincadeiras; eu os sinto um pouco como seres de um floresta escondida que me dão o privilégio de conviver perto deles.

E, por falar em Beth, foi assim que ela chegou em casa:



Sei que já postei esta foto outras vezes. Mas, para mim, é um exemplo de como dengo e comida em altíssimas doses resolvem qualquer problema em questão de dias!
Um mês depois, Betão já estava pronta para diariamente encher o saco de toda a família com suas brincadeiras excessivas e inconvenientes.


sexta-feira, 23 de abril de 2010

parte I

Difícl era dizer em que tremor terminava o arrepio e começava a sensação gelada no abdômen compacto, rígido. Um emaranhado de órgãos que, ao ser contraído pelos músculos aflitos, gerava a falsa impressão de controle da minha fala - pobre dela - tão frouxa que as palavras se derramavam líquidas, desalinhadas.
Aquele que - míope, talvez? - se deixasse levar pelos próprios ouvidos e esquivasse os olhos dos meus gestos retorcidos, à beirada do cômico, poderia ser induzido a crer que eu apreciava com naturalidade a conversa. Afinal, minha boca, tão externa às linhas que me desenhavam, agia de modo espantoso mesmo a mim: à revelia da expectativa daquele encontro, tão associada à mudez quanto as raízes são associadas ao chão, eu me mostrara eloqüente como num palanque. Falava a curtos intervalos, com léxico requintado, frases ricas em inversões e subordinações, os assuntos variados.
E eu, espectador interno de meu próprio monólogo, assistia temeroso minhas mandíbulas funcionarem em modo automático, regidas por sinapses espontâneas do sistema já tão nervoso e motivadas pela necessidade de impressioná-la, satisfazê-la.

Era este o único fiapo de corda, imaterial e impossível, ao qual eu podia me segurar. Mas ainda ali, ventríloquo meu e imóvel naquela situação forjada, inestimável e odiada, sabia que chamar a este momento 'felicidade' era equivocado. O molde deste termo, já bem forjado por anos de uso, jamais bem se encaixaria à queimação angustiada e ao ardor daquele momento. Menos então ao período posterior, no qual o idealizado encontro, bem ou mal sucedido, teria chegado ao seu fim e, pior, com repetição incerta. No ônibus, voltando para casa, saberia com clareza viva que a espera acabara, a tentativa acabara e milênios inteiros se passariam sem planos em que se segurar, sem diálogos forjados, sem esperança alguma de um futuro ofuscante ao alcance das mãos tal como o fiapo da corda. A corda havia arrebentado então, e, no ônibus, restavam as mãos úmidas e vazias.


-possivelmente não haverá a parte II

segunda-feira, 19 de abril de 2010

gaiola

É assustador pegar nossa mente no flagra bem naquele momento em que ela está nos guiando por argumentos sem sentido rumo à terríveis (e duradouros) momentos de fobias, obsessões e paranóias. Aquele looping mental sem fim que nos engaiola como nada na vida.

Eu desejo entusiasticamente me livrar dessas projeções repetidas e do medo que elas causam. Usar a mente como um braço ou um pulmão.

Ou isso, ou começar a dormir mais cedo e excluir as madrugadas da minha rotina; que deve funcionar melhor ainda contra minhas próprias armadilhas. ; )

domingo, 18 de abril de 2010

Taking care of business

Every day.


Aula das 8h00 às 18h00 sábado e domingo. Amanhã tem administração financeira e orçamentária.
Deus salve a minha alma de tantas heresias contra minha formação "humanista". ; )

Pior que eu levo jeito com a burocracia, a lógica, a decoreba e os sistemas. É como cantava o sábio Johnny Rotten:
"How many ways to get what you want?
I use the best.
I use the rest".

quinta-feira, 15 de abril de 2010

We all have good reasons for leaving.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Todos os dias de madrugada quando minha família, minha codorna e os vagabundos dos meus cães dormem e eu e meu peixe Paulo Honório somos os únicos seres vivos despertos nesta casa, eu me arrependo amargamente de, há 3 semanas, ter assistido 'Atividade Paranormal'. Todo o medo que eu senti vendo o filme, além de não se esgotar, ressurge novo a cada noite.


- Eu devo mencionar que não sou alguém inútil e acordo todos os dias às 6h00; acontece que neste período noturno, apesar das circunstâncias macabras, meus estudos e meu lazer internético rendem como nunca.
- Devo também mencionar que  a companhia do Paulo, como esperado, não me traz nenhuma segurança.
- À propósito, Distrito 9 é um filme excelente. Ele tem a grande vantagem de ficar gravado na sua memória pelas razões certas.

sábado, 10 de abril de 2010

de quando eu perdi minha boneca preferida

Um pedaço meu ficou junto de você, indiazinha. Tão longe a poucos metros de distância, tão perto de nunca mais. Você nem pensa nisso, minha indiazinha, você nem sabe o que acontece, com os seus olhinhos puxados, vestida de laranja e a chupeta na boca, como te vi ontem pela janela, paralisada.
Você vai se esquecer; mas eu penso toda noite em cada brincadeira só nossa e ai, não tem noite que eu não choro; minha boneca, minha indiazinha, como meu peito dói.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

will cuddle for food

é meu maior talento.








hoje eu, excepcionalmente, queria um carinho.

quinta-feira, 1 de abril de 2010


Estou exausta, frustrada, cheia de problemas e sem nenhuma perspectiva a curto ou médio prazo.

sexta-feira, 12 de março de 2010

o pulso ainda pulsa

Não me lembro de ter estado tão doente assim jamais na vida; da cama para o banheiro e do banheiro pra cama.


quinta-feira, 11 de março de 2010

sexta-feira, 5 de março de 2010

Happy days are here again.


A minha cabeça ainda me assusta, meu sono anda confuso e os horários estão uma desordem; mas estes são problemas pequenos, de vida de inseto. Minha atenção eu escolho dedicar ao meu problema raro e talhado  à mão, feito de poeira e plasma tal como nebulosa que ilumina céu escuro. Foi bem nesse pontinho que meu telescópio se cristalizou, focado em você, porque é bom demais te recordar.

point shoes


Ninguém imagina é a falta que me faz. Mas em breve eu volto, volto sim.

quarta-feira, 3 de março de 2010

"Quando você tiver provado a sensação de voar, andará na terra com os olhos voltados para o céu, onde esteve e para onde desejará voltar."
Leonardo da Vinci


É isso. Seja lá o que possa parecer. De fato eu estou nesse período recluso e fértil desde que as minhas pupilas - que nunca mais foram as mesmas - se apequenaram outra vez. Transformação sem destino certo, mas com destino bom.
Mas me ensinaram a andar sem os pés no chão e agora que eu pertenço a este degrau, não quero descê-lo outra vez.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

sofisticado senso de humor

Coletânea de imagens engraçadas do autoritário, sombrio - e de questionável índole - primeiro-ministro russo, Vladimir Putin.











E uma do Sarkozy:


domingo, 21 de fevereiro de 2010

Eu quase consegui me sentir Penélope horas, dias atrás, essa tenacidade esperançosa de alguém. Mas eu volto a ser Amaranta, que me traduz tão melhor, tecendo a própria mortalha, luto em vida, no silêncio escuro.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A menininha estranha das viagens no tempo

Olá, Fábio,

Estou te escrevendo um tanto desesperançosa; acredito que as chances do seu e-mail ainda ser o mesmo oito anos depois é um tanto remota. Mas, se porventura meu tiro no escuro atingir o alvo correto, no caso sua caixa de e-mails ainda ativa (e acredito que a possibilidade disso acontecer é superior a quase todas as possibilidades relacionadas à física quântica e aos relógios atômicos que faziam parte dos seus interesses), enfim, caso isso ocorra e você force sua memória até meados de 2002, deve conseguir se lembrar de uma tal de Thalita que te escreveu insistindo, indagando e quase implorando por uma fórmula mágica para viagens no tempo.

Eu tinha 14 anos na época, hoje tenho quase 22 e devo confessar, ainda que te decepcione, que não me tornei física, astrônoma e nem sequer praticante de nenhuma ciência de cunho mais exato. Estou quase me graduando pela USP, mas em lingüística, veja só! No entanto, meu interesse pelo tempo e pelas arbitrariedades tão deslumbrantemente precisas do Universo continua me encantando, assim, leiga como sempre fui e possivelmente sempre serei.

O impulso em te escrever novamente veio de um seriado da History Channel chamado The Universe, cuja primeira temporada comprei. Ao assistir os episódios fui tomada pelo encanto e por aquelas divagações tão verdadeiras e perturbadoras que, há algum tempinho esquecidas, continuam colocando fogo na minha alma como faziam na pré-adolescência.

É isso, tive vontade de fazer essa tentativa que, ainda que frustrada quanto à destinação virtual correta, há de ecoar em todos os protocolos do cyber espaço agradecendo pela dica de assinar a Scientific American Brasil e também pela paciência, pela insistência e pela criatividade em desiludir minhas aspirações juvenis quanto às distorções do tempo-espaço., ; )


Grande abraço,
Thalita Ruotolo Gouveia.

#


Acabo de escrever este e-mail para o professor da USP, aleatoriamente escolhido por mim dentre os docentes do site do Instituto de Física, que respondia meus e-mails fantasiosos e piradíssimos - alimentados por muito Marcelo Gleiser - aos 14 anos de idade. Infelizmente, recebi uma mensagem de erro: o e-mail dele não existe mais e o meu retornou.
Uma pena... seria uma alegria para mim, 8 anos depois, agradecer ao pobre ser humano que pacientemente dava asas as minhas teorias malucas com e-mails tão interessantes. Uma pena.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Canção do Suicida

Não me matarei, meus amigos.
Não o farei, possivelmente.
Mas que tenho vontade, tenho.
Tenho, e, muito curiosamente,

Com um tiro. Um tiro no ouvido,
Vingança contra a condição
Humana, ai de nós! sobre-humana
De ser dotado de razão.

Bandeira.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

De sua formosura

-De sua formosura
deixai-me que diga:
é tão belo como um sim
numa sala negativa.

-é tão belo como a soca
que o canavial multiplica.

-Belo porque é uma porta
abrindo-se em mais saídas.

-Belo como a última onda
que o fim do mar sempre adia.

-é tão belo como as ondas
em sua adição infinita.

-Belo porque tem do novo
a surpresa e a alegria.

-Belo como a coisa nova
na prateleira até então vazia.

-Como qualquer coisa nova
inaugurando o seu dia.

-Ou como o caderno novo
quando a gente o principia.

-E belo porque o novo
todo o velho contagia.

-Belo porque corrompe
com sangue novo a anemia.

-Infecciona a miséria
com vida nova e sadia.

-Com oásis, o deserto,
com ventos, a calmaria.


João Cabral de Melo Neto

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

.
Eu não posso esperar.
Ou talvez possa, num íntimo ainda lacrado, de combinação até para mim desconhecida. Mas acima dele, eu sou toda superfície; uma superfície vasta, ressequida, rouca, sedenta. Eu me esfarelo em clamores, em urgência.