segunda-feira, 2 de agosto de 2010

a nível de registro

(contatos de quarto grau ou ineditismos)

saber-me deliciosamente enjaulada num mundo de sentidos
a realidade que se esvai brusca, cai com violência no abismo
as linhas do antes e depois dissolvidas como por química,  por cor
restam essas substâncias, sensações em ondas
num cenário apequenado, fora de foco
sem atores, sem nomes
jornada perdida numa existência qualquer



curioso entender, após, as possibilidades do prazer na vida natural

e não falo de apoteose ou comunhão
mas do toque no meu rosto e do olhar que o acompanhou

3 comentários:

Sofia disse...

A jornada dos Loucos que começou na caverna - e terminou nele mesmo, num templo - com muito humor.

Thalita disse...

O Beckett tava numa vibe muito errada com aquela história de "nada é mais engraçado que a infelicidade" em Fim de Partida. A felicidade plena, eu recém-descobri, é o ápice do humor!

Altran disse...

A verdade dessa garganta é que é muito irônico que você quem esteja vendo beleza no simples toque agora, e eu não conseguindo mais.