quinta-feira, 15 de julho de 2010

É uma inquietude do corpo movido por essas sensações agudas, pequenas angústias; é uma dança interna, orgânica, imperceptível aos olhos alheios.
Uma fila de certezas opostas que se sobrepõe, dando voltas em si - coisa de serpente.

Ajudam muito aquelas sensações que descobri quando fui atropelada: sensações do inevitável. Os milésimos de segundo nos quais você percebe o carro tão próximo, tão próximo, antes da pancada quente que vem a seguir.
A aceitação sem resistência, vulnerável, aceitação sem aceitação alguma, vulnerável.
O momento seguinte perdido num tempo cíclico em que você está rente ao chão, antes que alguém possa se aproximar - a mente, pega de surpresa, silencia e permite ao corpo entender aquela pulsação imensa, que até então não é dor, é pura e simplesmente energia.

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E o meu mundo se reconstrói, aquele da vida sem mistificação, aquele em que viver é uma ordem.
Eu quase me surpreendo e me conforto com minhas regras rígidas e práticas para a  vida emocional e sigo sozinha pelo século XIX.

6 comentários:

Sofia disse...

O beco do Bandeira continua lindo;
mas não tem mais a ver com o momento, né?

Márcio disse...

Provavelmente se ocorrer novo atropelo as sensações serão outras, nao tão intensas.

Thalita disse...

Hahaha!
Pois é, mas agora ando bem precavida. Demoro até 10 minutos para atravessar uma rua.
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De qualquer forma a coisa era meio metafórica, né?
Pois então.

Thalita disse...

Fora da metáfora, o sangue, a dor... não é bem, legal.

Sofia disse...

Legal é juntar nós duas sonadas, conversando, tentando atravessar a Rhodia.

Márcio disse...

Ah, pensava que toda essa reflexão tinha surgido dum acidente de carro real, rs.
.
Mesmo que toda mudança e inovação de pensamento é tipo como um acidente que te tira da rota costumeira. (;