sexta-feira, 23 de abril de 2010

parte I

Difícl era dizer em que tremor terminava o arrepio e começava a sensação gelada no abdômen compacto, rígido. Um emaranhado de órgãos que, ao ser contraído pelos músculos aflitos, gerava a falsa impressão de controle da minha fala - pobre dela - tão frouxa que as palavras se derramavam líquidas, desalinhadas.
Aquele que - míope, talvez? - se deixasse levar pelos próprios ouvidos e esquivasse os olhos dos meus gestos retorcidos, à beirada do cômico, poderia ser induzido a crer que eu apreciava com naturalidade a conversa. Afinal, minha boca, tão externa às linhas que me desenhavam, agia de modo espantoso mesmo a mim: à revelia da expectativa daquele encontro, tão associada à mudez quanto as raízes são associadas ao chão, eu me mostrara eloqüente como num palanque. Falava a curtos intervalos, com léxico requintado, frases ricas em inversões e subordinações, os assuntos variados.
E eu, espectador interno de meu próprio monólogo, assistia temeroso minhas mandíbulas funcionarem em modo automático, regidas por sinapses espontâneas do sistema já tão nervoso e motivadas pela necessidade de impressioná-la, satisfazê-la.

Era este o único fiapo de corda, imaterial e impossível, ao qual eu podia me segurar. Mas ainda ali, ventríloquo meu e imóvel naquela situação forjada, inestimável e odiada, sabia que chamar a este momento 'felicidade' era equivocado. O molde deste termo, já bem forjado por anos de uso, jamais bem se encaixaria à queimação angustiada e ao ardor daquele momento. Menos então ao período posterior, no qual o idealizado encontro, bem ou mal sucedido, teria chegado ao seu fim e, pior, com repetição incerta. No ônibus, voltando para casa, saberia com clareza viva que a espera acabara, a tentativa acabara e milênios inteiros se passariam sem planos em que se segurar, sem diálogos forjados, sem esperança alguma de um futuro ofuscante ao alcance das mãos tal como o fiapo da corda. A corda havia arrebentado então, e, no ônibus, restavam as mãos úmidas e vazias.


-possivelmente não haverá a parte II

segunda-feira, 19 de abril de 2010

gaiola

É assustador pegar nossa mente no flagra bem naquele momento em que ela está nos guiando por argumentos sem sentido rumo à terríveis (e duradouros) momentos de fobias, obsessões e paranóias. Aquele looping mental sem fim que nos engaiola como nada na vida.

Eu desejo entusiasticamente me livrar dessas projeções repetidas e do medo que elas causam. Usar a mente como um braço ou um pulmão.

Ou isso, ou começar a dormir mais cedo e excluir as madrugadas da minha rotina; que deve funcionar melhor ainda contra minhas próprias armadilhas. ; )

domingo, 18 de abril de 2010

Taking care of business

Every day.


Aula das 8h00 às 18h00 sábado e domingo. Amanhã tem administração financeira e orçamentária.
Deus salve a minha alma de tantas heresias contra minha formação "humanista". ; )

Pior que eu levo jeito com a burocracia, a lógica, a decoreba e os sistemas. É como cantava o sábio Johnny Rotten:
"How many ways to get what you want?
I use the best.
I use the rest".

quinta-feira, 15 de abril de 2010

We all have good reasons for leaving.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Todos os dias de madrugada quando minha família, minha codorna e os vagabundos dos meus cães dormem e eu e meu peixe Paulo Honório somos os únicos seres vivos despertos nesta casa, eu me arrependo amargamente de, há 3 semanas, ter assistido 'Atividade Paranormal'. Todo o medo que eu senti vendo o filme, além de não se esgotar, ressurge novo a cada noite.


- Eu devo mencionar que não sou alguém inútil e acordo todos os dias às 6h00; acontece que neste período noturno, apesar das circunstâncias macabras, meus estudos e meu lazer internético rendem como nunca.
- Devo também mencionar que  a companhia do Paulo, como esperado, não me traz nenhuma segurança.
- À propósito, Distrito 9 é um filme excelente. Ele tem a grande vantagem de ficar gravado na sua memória pelas razões certas.

sábado, 10 de abril de 2010

de quando eu perdi minha boneca preferida

Um pedaço meu ficou junto de você, indiazinha. Tão longe a poucos metros de distância, tão perto de nunca mais. Você nem pensa nisso, minha indiazinha, você nem sabe o que acontece, com os seus olhinhos puxados, vestida de laranja e a chupeta na boca, como te vi ontem pela janela, paralisada.
Você vai se esquecer; mas eu penso toda noite em cada brincadeira só nossa e ai, não tem noite que eu não choro; minha boneca, minha indiazinha, como meu peito dói.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

will cuddle for food

é meu maior talento.








hoje eu, excepcionalmente, queria um carinho.

quinta-feira, 1 de abril de 2010


Estou exausta, frustrada, cheia de problemas e sem nenhuma perspectiva a curto ou médio prazo.