terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

sofisticado senso de humor

Coletânea de imagens engraçadas do autoritário, sombrio - e de questionável índole - primeiro-ministro russo, Vladimir Putin.











E uma do Sarkozy:


domingo, 21 de fevereiro de 2010

Eu quase consegui me sentir Penélope horas, dias atrás, essa tenacidade esperançosa de alguém. Mas eu volto a ser Amaranta, que me traduz tão melhor, tecendo a própria mortalha, luto em vida, no silêncio escuro.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A menininha estranha das viagens no tempo

Olá, Fábio,

Estou te escrevendo um tanto desesperançosa; acredito que as chances do seu e-mail ainda ser o mesmo oito anos depois é um tanto remota. Mas, se porventura meu tiro no escuro atingir o alvo correto, no caso sua caixa de e-mails ainda ativa (e acredito que a possibilidade disso acontecer é superior a quase todas as possibilidades relacionadas à física quântica e aos relógios atômicos que faziam parte dos seus interesses), enfim, caso isso ocorra e você force sua memória até meados de 2002, deve conseguir se lembrar de uma tal de Thalita que te escreveu insistindo, indagando e quase implorando por uma fórmula mágica para viagens no tempo.

Eu tinha 14 anos na época, hoje tenho quase 22 e devo confessar, ainda que te decepcione, que não me tornei física, astrônoma e nem sequer praticante de nenhuma ciência de cunho mais exato. Estou quase me graduando pela USP, mas em lingüística, veja só! No entanto, meu interesse pelo tempo e pelas arbitrariedades tão deslumbrantemente precisas do Universo continua me encantando, assim, leiga como sempre fui e possivelmente sempre serei.

O impulso em te escrever novamente veio de um seriado da History Channel chamado The Universe, cuja primeira temporada comprei. Ao assistir os episódios fui tomada pelo encanto e por aquelas divagações tão verdadeiras e perturbadoras que, há algum tempinho esquecidas, continuam colocando fogo na minha alma como faziam na pré-adolescência.

É isso, tive vontade de fazer essa tentativa que, ainda que frustrada quanto à destinação virtual correta, há de ecoar em todos os protocolos do cyber espaço agradecendo pela dica de assinar a Scientific American Brasil e também pela paciência, pela insistência e pela criatividade em desiludir minhas aspirações juvenis quanto às distorções do tempo-espaço., ; )


Grande abraço,
Thalita Ruotolo Gouveia.

#


Acabo de escrever este e-mail para o professor da USP, aleatoriamente escolhido por mim dentre os docentes do site do Instituto de Física, que respondia meus e-mails fantasiosos e piradíssimos - alimentados por muito Marcelo Gleiser - aos 14 anos de idade. Infelizmente, recebi uma mensagem de erro: o e-mail dele não existe mais e o meu retornou.
Uma pena... seria uma alegria para mim, 8 anos depois, agradecer ao pobre ser humano que pacientemente dava asas as minhas teorias malucas com e-mails tão interessantes. Uma pena.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Canção do Suicida

Não me matarei, meus amigos.
Não o farei, possivelmente.
Mas que tenho vontade, tenho.
Tenho, e, muito curiosamente,

Com um tiro. Um tiro no ouvido,
Vingança contra a condição
Humana, ai de nós! sobre-humana
De ser dotado de razão.

Bandeira.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

De sua formosura

-De sua formosura
deixai-me que diga:
é tão belo como um sim
numa sala negativa.

-é tão belo como a soca
que o canavial multiplica.

-Belo porque é uma porta
abrindo-se em mais saídas.

-Belo como a última onda
que o fim do mar sempre adia.

-é tão belo como as ondas
em sua adição infinita.

-Belo porque tem do novo
a surpresa e a alegria.

-Belo como a coisa nova
na prateleira até então vazia.

-Como qualquer coisa nova
inaugurando o seu dia.

-Ou como o caderno novo
quando a gente o principia.

-E belo porque o novo
todo o velho contagia.

-Belo porque corrompe
com sangue novo a anemia.

-Infecciona a miséria
com vida nova e sadia.

-Com oásis, o deserto,
com ventos, a calmaria.


João Cabral de Melo Neto

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

.
Eu não posso esperar.
Ou talvez possa, num íntimo ainda lacrado, de combinação até para mim desconhecida. Mas acima dele, eu sou toda superfície; uma superfície vasta, ressequida, rouca, sedenta. Eu me esfarelo em clamores, em urgência.